segunda-feira, 23 de outubro de 2017

ANDANÇAS E "PEDALANÇAS" POR BH


ANDANÇAS NA CAPITAL MINEIRA  - 16 A 23/10/17

Belo Horizonte tem o relevo típico de Minas Gerais e talvez seja a mais acidentada das grandes áreas urbanas do país. Na Pampulha, ladeiras muito íngremes convergem para canais que deságuam na lagoa, em torno da qual Juscelino e Niemeyer constituíram um parque e conjunto arquitetônico famosos. A orla da lagoa é o point esportivo da cidade com diversos pontos de equipamentos de malhação e ginástica, quiosques, restaurantes e um Iate Clube. Na mesma região estão um aeroporto doméstico e o complexo esportivo do Estádio do Mineirão.
Muita cachaça mineira no
Mercado Central de BH
Fui hospedado por minha amiga Ana, temporariamente morando com os amigos Carlos e Régis. Ana levou-me a conhecer o Mercado Central onde há enorme variedade de produtos, a maioria alimentícios. As bancas ofereciam, em uma profusão de cores e cheiros, temperos, doces, queijos, conservas, bebibas (destacando a tradicional cachaça mineira, produto central de pelo menos três grandes bancas), pescados e frutas. Também haviam decorações, presentes e utilitários domésticos, com bancas inteiramente dedicadas a itens artesanais de bronze, alumínio e latão. Escolhi para meu anfitrião Carlos uma seleção de pastas temperadas para petiscos e Ana escolheu um licor artesanal de café feito com cachaça. Fomos ainda ao bairro das Mangabeiras onde conheci a praça do Papa, ponto elevado de onde tem-se uma razoável panorâmica da cidade. Ali perto fica a famosa Rua do Amendoim, um falso aclive que os carros parecem subir sozinhos. É claro que a Ana estacionou para fazermos o teste e o carro, em ponto morto, ia "subindo" a rua. Deixo aqui um link falando sobre esta curiosa e famosa ilusão de ótica que diverte.
https://super.abril.com.br/cultura/a-rua-do-sobe-desce/

Com a "Namoradinha" remontada e sem alforges, dei algumas voltas pela orla da lagoa da Pampulha, que é realmente bom lugar para pedalar, apesar de parecer que os motoristas da cidade não respeitam tanto quanto os de Brasília (que já não respeitam muito). Em BH senti o impacto da diferença de pedalar dias seguidos na estrada para depois voltar a pedalar em um grande centro; enquanto estive na estrada e em pequenas cidades no interior, tive pouquíssimos problemas com motoristas, sempre mais pacientes e atentos. Em BH voltou a ser aquela coisa nervosa de um trânsito tenso (ainda que não intenso), de pessoas estressadas demais, impacientes demais... grosseiras! Tive a confirmação de que os grandes centros, com esse modo de vida "moderno", tornam as pessoas piores do que elas realmente devem ser!
Ao Norte da Pampulha pedalei pelo Parque Lagoa do Nado, um retiro verde relativamente grande no meio de um bairro residencial; parque agradável com um laguinho artificial de um córrego represado, infelizmente poluído mas não ao ponto do mau cheiro (ainda). Há quadras, ótima praça de skate, playground, anfiteatro e trilhas em meio à mata. No mesmo dia, mudei de "pousada" indo ficar com um amigo conhecido há tempos para que Anna e os amigos "descansassem da minha presença".

Strava: https://www.strava.com/activities/1235516380

https://www.strava.com/activities/1238332063

Conheço o Charles há uns cinco anos, da prática de Taiko (percussão japonesa) que tínhamos, eu em meu grupo em Brasílía, ele no grupo de BH. No Sábado anterior à minha partida de BH ainda fui à Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira para ver um dos treinos do grupo de Taiko Raikidaiko, do qual o Charles foi líder! Já nos encontramos algumas vezes em campeonatos e festivais de Taiko em São Paulo e sempre tivemos contato virtual; "Charlin" é um cara enorme em seus quase 2 metros de altura, nascido em Vitória/ES, divertido e ranzinza, de tratamento ácido às babaquices do mundo como eu; me recebeu em seu AP, que divide com dois outros colegas de faculdade, para os restantes dias em BH! Morando praticamente ao lado da UFMG, cursa ali seu mestrado que não lembro qual (acho que era Engenharia da Medicina ou algo desse tipo).

Fomos ao bairro das Mangabeiras para tentar novamente acesso ao mirante pois quando fui com a Anna, o mirante estava fechado! Charlin não tem bike, então fomos de POP99 em um trânsito pra lá de lento; pensei em como a bike é salvadora de tempo nas grandes cidades!

Link: Parque das Mangabeiras


Entramos pela estradinha interna do parque, asfaltada e serpenteante em meio à mata tropical preservada, respirando o cheiro gostoso de terra e mato. Passamos por grupo de alunos de algum desses colégios de rico que tinham alguma atividade ao ar livre e alcançamos o centro do parque; ali a estrutura nos impressionou, totalmente desconhecida também pelo Charles, residente em BH há anos. Entre todas as habituais estruturas esportivas e de diversão, chamou-nos atenção um enorme half-pipe profissional de skates (aquela estrutura em forma de U) ladeado por excelente praça de obstáculos para skates e bikes. Mais adiante vimos grandes espelhos d´água com fontes (desligadas) dominando uma ampla praça ajardinada (Praça das Águas), tudo fronteando um grande edifício de dois andares que sedia o parque. Ao lado, a trilha que sobe o morro rumo aos mirantes estava fechada para manutenção; abaixo, na praça, dois guardas de olho em todo o lugar! Fomos nos esgueirando pelos cantinhos da trilha, tentando não sermos vistos até que soou o apito... o guarda nos viu! Retornamos, eu com a maior cara de pau do mundo! Sabe lá quando e se voltarei no lugar? Estava ali, ia arriscar mesmo, oras!
Com o amigo Charles no mirante acima do Parque das Mangabeiras
Deixamos o centro do parque e subimos novamente as estradinhas rumo à entrada até chegarmos num ponto onde outra trilha, por trás de grades, visivelmente subia até o topo do morro; não deu outra: pulamos rápido a cerca e logo subíamos cerca de 100 a 150 metros acima do parque, uma trilha nem fácil e nem difícil, mas de fato necessitando manutenção em seus corrimões e degraus de madeira instalados nas partes mais arriscadas. Apressados pois o parque logo fecharia, chegamos rápido lá em cima: Belo Horizonte se abria totalmente à nossa frente, enorme e cercada de morros por todos os lados como se tivesse sido feita dentro de um imenso panelão geológico. A trilha inda subia mais uns 100 metros até o cume do morro de onde poderíamos ver o outro lado, onde existe uma gigantesca mina de ferro da Vale com um lago dentro da cava... não pudemos ir até lá temendo ficarmos trancados no parque e descemos!
Continuamos nossa aventura fazendo a pé "meia BH", das Mangabeiras até o Centro, com um rápido Açaí nas cercanias da Savassi, bairro de vida noturna. As ruas de BH lembraram-me muito as do centro do Rio de Janeiro, sendo parecidas até as placas de endereçamento; os edifícios de diferentes épocas, estilos e tamanhos, aqui e acolá um morro coberto de mata entre os prédios, as ruas em aclives e declives estonteantes, espremidas com calçadas estreitas e ensombreadas pelas copas das árvores, tudo isso espremido entre altos edifícios amontoados amiúde. Um urbanismo espontâneo em terreno muito acidentado, extremamente diferente de Brasília, muito plana, onde o urbanismo fora planejado e os espaços são amplos, resultando em uniformidade, luminosidade e ordenamento! Por isso mesmo, BH tem mais "cara de cidade", com movimentas esquinas onde padarias, botecos e lanchonetes disputam espaço na pouca calçada de pedra portuguesa com bancas de revistas e mobiliários urbanos e uma massa de transeundes conflui por todos os lados. Ademais, o centro de BH foi planejado e, em foto aérea, a regularidade dos traçados das ruas na cidade original, delimitada pelo polígono da Avenida Contorno, contrasta com o restante da cidade onde o urbanismo, planejado sob demanda no decorrer do tempo, não é tão ordenado assim.
A Praça da Liberdade era o centro administrativo antigo da cidade onde ficavam o Paço Municipal e as secretarias e, por isso, ali estão os edifícios de época mais interessantes. Em estilo neoclássico ou eclético, as fachadas são lindamente trabalhadas com colunas, fustes, capitéis, volutas e arabescos; todos foram transformados em museus ou fechados! Ali visitamos exposições no Centro Cultural Banco do Brasil, instalado em um desses belos edifícios antigos em formato de ínsula, com uma praça interna a céu aberto. De lá, caímos para os arredores do Parque Municipal, passando pelo Palácio das Artes e o Conservatório de Música da UFMG. Encerrando o passeio, fizemos compras para, de volta à casa do Charles, montarmos umas pizzas caseiras para o jantar!

Anna também adora gatos! Encontramos esse
fofo dentro do Mercado Central
Banca só de doces no Mercado Central! =9


Playground no Parque das Mangabeiras


Praça da Liberdade, no centro de Belo Horizonte




Começo da exposição no CCBB

Interior do CCBB

Pizza caseira no Jantar!


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