JOÃO PINHEIRO - 07/10/17
106,4Km rodados
Strava: https://www.strava.com/activities/1219725349
Progresso de viagem: 45,3% (333Km)
106,4Km rodados
Strava: https://www.strava.com/activities/1219725349
Progresso de viagem: 45,3% (333Km)
De volta à BR 040, encarei uma subida de serra para sair de Paracatu e cerca de uma hora depois já descia a uma extensa planície que dominaria quase todo o percurso de 103km até a próxima cidade. Nessa etapa fez-se sentir um enorme vazio humano nesse pedaço de Brasil. Com pouquíssima presença de quaisquer estruturas e serviços à beira da estrada, um número cada vez maior de taperas marcou um cenário agravado por uma secura ainda pior do que a observada em Goiás! Com efeito, a BR 040 tornou-se uma estrada triste onde os campos das fazendas começaram a aparecer em terra totalmente nua, desprovida sequer de um resto de pasto para o gado, que ia rareando e surgia cada vez mais magro; cheguei a ver duas carcaças secando às margens do que outrora fora pasto! Em ambos os lados da estrada notei baixadas de cor e vegetação rala diferentes; eram os restos de lagunas e açudes que secaram totalmente! As placas das pontes, anunciando suas grandes extensões, faziam supor rios volumosos abaixo; ao passar, vi mais pedras do que água na maioria deles! O mergulho em Minas Gerais começava a parecer mais uma incursão pelo semi-árido nordestino do que na região sudeste do Brasil!
Após passagem pelo rio Paracatu, o único que ainda mostrava algum volume, a estrada passou a ser margeada por plantações de eucaliptos também castigados pela estiagem e mais adiante, um povoado surgiu lindeiro à margem direita da estrada. O asfalto bom, inclusive nos acostamentos, somado a uma altimetria mais plana me ajudaram a cobrir rapidamente boa quilometragem até que a estrada aparentemente plana se tornou mais pesada; uma subida de serra havia começado tão suave e repentinamente que não se fizera perceber aos olhos. os 42kg da namoradinha e sua carga se fizeram sentir e sequer a paisagem podia valer boa distração deste fato: para todos os lados, só secura e ausência de cores e de vida! Veio uma curva para a direita passando por uma fonte seca à beira da estrada e, após uma virada à esquerda, surgiu lá na frente um letreiro sobre um edifício. A cidade de João Pinheiro apareceu para mim a partir do prédio de uma faculdade sob um sol ainda quente de fim de tarde. Olhando para trás, constatei que havia subido não um ou dois morros, mas uma serra! À minha direita abria-se um vale.
Hotel em João Pinheiro |
No dia seguinte senti que os músculos pediam descanso antes de encarar a estrada novamente e decidi permanecer na cidade! Após café da manhã, voltei ao quarto do hotel para dormir mais um pouco e saí ao meio-dia indeciso sobre procurar logo um anfitrião para a segunda noite ou ir conhecer a cachoeira da região. Escolhi a segunda opção e, hoje digo, antes não o tivesse feito!
Cachoeira do Garimpo: estrada péssima para ciclistas! |
De volta à cidade, procurei sem sucesso um restaurante aberto para adiantar o jantar; era Domingo e tudo que havia aberto fechara cedo! Preparando-me para o último recurso, parei em um posto de combustíveis para dar carga no celular, abastecer-me de água e comprar álcool automotivo para os fogareiros, caso acampasse e fosse cozinhar! De fato, uma funcionária do posto revelou-me a existência de um local pouco depois da saída da cidade onde algumas pessoas costumavam acampar à beira de uma lagoa. Passei em um albergue cristão, que estava fechado e sem ninguém e, quase indo em busca do tal "camping não oficial", resolvi tentar o improvável: um aplicativo de encontros! Consegui um convite para pernoite fazendo saber minha aventura! Meia hora depois fui recebido pelo Neto, um funcionário terceirizado da concessionária da rodovia que me deu o abrigo daquela noite e companhia para boa conversa! o Neto estava em sua última noite por ali, onde empreendera um bar e do qual estava a mudar-se para Cristalina em função de seu serviço para a Concessionária Via 040. Improvisamos um jantar e brigamos um pouco com as abundantes muriçocas! Muito obrigado pela acolhida de última hora, Neto!
Eu poderia garantir sempre os confortos e tranquilidades oferecidos pelos hotéis mas não era essa a vibe da viagem! Para muito além da simples economia de dinheiro, eu empreendi esse tipo de viagem afim de testar minha capacidade de "me virar", para conhecer novas pessoas e com elas trocar experiências! No quarto de hotel tudo é fácil, confortável e solitário!
Arrependido por trocar o descanso pelos desgastes em busca da tal cachoeira, procurei descansar o melhor o possível, todavia, sem o luxo de levantar tarde. Eram apenas 7:30 quando eu já ia deixando a casa do Neto, meu anfitrião, adiantando-me para a longa viagem até Três Marias!
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